25 novembro 2009

Vencedora “importada” gera polêmica no Miss Brasil-USA 2009 em New Jersey


image A vencedora Marcela Granato, 21 anos, natural de Ponte Nova (MG), brilhou no salão de festas do Hotel Robert Treat, em Newark - NJ

Leonardo Ferreira

Marcela Granato, 21 anos, natural de Ponte Nova (MG), vinda diretamente do Brasil, conquistou o título de “a brasileira mais bonita dos Estados Unidos”

A decisão do promotor de eventos Geraldo “Kaká” Santos de “importar” candidatas profissionais do Brasil para participarem do concurso Miss Brasil – USA 2009, realizado no último sábado (21), causou polêmica entre os familiares das jovens participantes radicadas nos EUA. Indignados, vários deles questionaram a vitória de Marcela Granato, 21 anos, natural de Ponte Nova (MG), que veio aos EUA especialmente para participar do concurso. Esbanjando experiência e segurança, a jovem destacou-se no salão de festas do Hotel Robert Treat, localizado no centro de Newark (NJ), e levou para casa um veículo zero quilômetro, avaliado em US$ 30 mil, a quantia de US$ 10 mil, entre vários brindes.

Indignação e contradição

Parentes das candidatas demonstraram insatisfação pelo fato das jovens, a maioria aspirante local, concorrerem com modelos profissionais vindas do Brasil exclusivamente para o concurso. Muitos deles argumentaram que, se o concurso, realizado há 18 anos, historicamente visa reverenciar a beleza das imigrantes brasileiras e suas descendentes, não faz sentido “importar” profissionais já inseridas no mundo da moda no Brasil com experiência internacional para concorrer com novatas locais.

“As candidatas da Flórida, Massachussets, New York, New Jersey, Connecticut e todos os outros estados são jovens com nacionalidade brasileira, mas que vivem nos USA. Estas candidatas (locais) não são modelos profissionais, elas não têm experiência de passarela, mas são ­universitárias, indepen­dentes e com um bom histórico de vida”, questionou a brasileira Geisa ­Kryszczynski, residente em Connecticut, cuja filha Juliana Zalfa participou do concurso, através de um e-mail enviado à redação do BV. “Os deveres de uma Miss Brasil - USA no período de seu mandato devem ser cumpridos aqui nos Estados Unidos e não no Brasil. Isto não é um concurso para (receber) como prêmio um carro, pois a Miss eleita tem deveres com a comunidade que devem ser cumpridos aqui nos EUA. Quando votamos no presidente da república no Brasil, esperamos que ele cumpra seus deveres lá no Brasil e não aqui nos EUA”, frisou ela.

“De acordo com informações que recebemos diretamente de New Jersey e até dos familiares (das concorrentes) é que já foi eleita a Miss desta noite, seu nome é Marcela, vem de Minas Gerais, e (ela) está recebendo tratamentos especiais. Para as outras candidatas que estão competindo honestamente isto não é justo. Antes do evento, todas já estão com o espírito de derrota em seus corações. Todas as candidatas têm o direito de receber o mesmo tratamento. Dinheiro, tempo, sacrifícios foram feitos e, mais do que tudo, todas têm o direito de serem julgadas igualmente. Para que decisões mais sérias não sejam jogadas nas mãos dos juízes, por favor, usem seu melhor julgamento, marmelada não será tolerada!”, denunciou Geisa no dia anterior antes do concurso através de e-mail. Ela afirmou ter gasto aproximadamente US$ 5 mil com sua filha ao longo da competição.

“Eu preciso realizar uma reunião com o Kaká, que é o coordenador, para poder entender, pois no regulamento que eu tenho, quando assinei a franquia ano passado, dizia que as meninas tinham que ser residentes aqui (EUA). Realmente, a menina (Marcela) não é residente aqui, ela é de Minas Gerais. Isso foi muito chato porque as pessoas já contavam logo no início que ela seria a ganhadora; já havia um comentário antes. Foram somente comentários, por isso, é complicado falar quando não se têm provas”, disse uma das pessoas franqueadas, que pediu para não ter seu nome revelado em virtude de seu envolvimento com o concurso.

“Atalho” ao título

O evento no Estado Jardim reuniu dezenas de concorrentes residentes em vários estados norte-americanos, mas apesar da noite de glamour, a coroação de Marcela gerou controvérsia na comunidade, pois familiares das outras jovens participantes alegam que, por não morar nos EUA e sequer falar inglês, ela não deveria ter participado do concurso. Além disso, muitos questionaram o fato de alguém que não pertença à comunidade levar o título de “a brasileira mais bonita dos Estados Unidos” e que a jovem vencedora não passou pelas etapas regionais antes de chegar à final em New Jersey.

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Geisa Kryszczynski, residente em Connecticut, e a filha
Juliana Zalfa, que participou do concurso Miss Brasil – USA 2009

O promotor de eventos Geraldo “Kaká” Santos defendeu a participação da jovem vencedora baseando-se no regulamento do concurso. Ele alegou que o Miss Brasil – USA atingiu dimensão internacional e, por isso, é permitido que jovens residentes no Brasil e outros países participem da competição; desde que um produtor pague e adquira a franquia. Através de uma carta enviada pelo escritório de seu advogado, Moses Apsan, à redação do BV na última segunda-feira (23), foi citado que no Regulamento Miss Brasil – USA consta que “Podem participar do evento Miss Brasil – USA brasileiras nascidas no Brasil ou em qualquer outro país, sendo estas filhas de pais brasileiros (ambos ou um deles), maiores de 15 anos de idade. As (jovens) menores de 18 anos de idade só poderão se inscrever no concurso com a com a autorização dos pais ou de um responsável”.

“Me deixa repetir novamente para você, pode ser de qualquer lugar dos Estados Unidos ou do mundo. Ela (Marcela) tem um produtor franqueado do Brasil, está escrito aí (no regulamento)”, disse Kaká Santos, via telefone, à reportagem do BV. “Ninguém está fazendo nada contra a lei. Ele (o produtor) é que a trouxe. Ele pagou a franquia está aí, US$ 1 mil. Trabalhei a semana toda, estou super cansado e as pessoas não estão dando trégua”.

Com relação às etapas regionais, a carta enviada pelo advogado cita que o regulamento determina que “as brasileiras que residem nos Estados Unidos deverão se inscrever numa etapa regional para então disputarem a classificação para a final nacional do Miss Brasil – USA”.

Granato não passou por nenhuma etapa regional e, conforme a carta, ela está amparada pelo regulamento que dita “as brasileiras que residem fora dos Estados Unidos só poderão se inscrever no Miss Brasil - USA por intermédio de um produtor, seja ele atuante nos Estados Unidos ou em qualquer outro país. Este agente deverá comprar uma franquia do Miss Brasil - USA para adquirir o direito de trazer a sua candidata que mora fora dos Estados Unidos. Esta candidata só se classificará para a final do concurso após passar por um processo seletivo feito pelos coordenadores do evento”.

Vários pais e franqueados nos EUA questionaram o fato de Marcela Granato ter representado Seattle; mesmo ela tendo vindo diretamente do Brasil e nunca sequer ter visitado tal cidade. “A vencedora utilizou uma faixa representando Seattle. Por que ela utilizou uma faixa de Seattle?! Em que concurso ela participou (no Brasil)? O coordenador tem que trazer a finalista desse concurso. Em que concurso ela participou? Qual ano? Porque a informação que eu tenho é que ela não ganhou o concurso Minas Gerais e veio para cá como um acerto, mas eu não tenho certeza”, comentou uma franqueada à reportagem do BV em condições de anonimato.

Através de uma ligação telefônica com a equipe de reportagem do BV, Cacá disse que o concurso envolvia cerca de 50 candidatas e que, simbolicamente, cada uma delas representava um estado norte-americano.

Profissional da beleza

Marcela Granato ficou em 2º lugar no concurso Miss Minas Gerais 2009 e como parte da premiação o direito de participar do Miss Brasil EUA 2009. A bela morena é estudante de Direito e Ciências Contábeis e foi preparada pela agência de modelos Look Top Beauty para participar do concurso nos EUA, segundo a página eletrônica: MissesGerais.Com.br.

Este é o terceiro título internacional conquistado em 2009 por misses preparadas pela Look Top Beauty, do empresário José Alonso Dias. Em abril, Débora Lyra conquistou o Top Modelo of the World 2009; na noite do dia 22 de novembro, nas Filipinas, e Larissa Ramos conquistou o Miss Earth 2009. A agência Look Top Beauty Ltda é responsável pela realização dos concursos de beleza Miss Minas Gerais, Miss Terra Brasil e das franquias internacionais: Miss Universitária, Miss Intercontinental, Top Modelo of the World e Miss Terra (Fonte: MissesGerais.Com.br).

Até o fechamento dessa edição, a equipe de reportagem do BV tentou contatar Marcela Granato, através do promotor Kaká Santos, sem obter sucesso.

http://www.brazilianvoice.com/

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