01 junho 2007

53 anos após Marta Rocha, brasileira critica lobby japonês

Segunda colocada no Miss Universo, mineira lamenta falta de apoio e patrocínio

Valéria França


Sergio Castro/AE
Diante da beleza de Natália, brasileiros reclamam injustiça

SÃO PAULO - Quando Marta Rocha perdeu o título de Miss Universo por duas polegadas a mais nos quadris, em 1954, houve uma comoção nacional. Apesar de o concurso não ter mais o mesmo brilho de antes, este ano causou polêmica e uma enxurrada de depoimentos revoltados em comunidades de relacionamentos virtuais como as do Orkut.

Na segunda-feira, a mineira Natália Guimarães, de 22 anos, estava muito perto de ganhar o título de Miss Universo, uma faixa que há 39 anos ninguém traz para o Brasil. Ela estava entre as cinco favoritas do Auditório Nacional da Cidade do México. Mas quem levou o primeiro lugar foi a representante do Japão, Riyo Mori, de 20 anos.

Natália ficou com o segundo lugar. E os brasileiros reclamaram. “Injustiça” e “roubo” foram algumas das palavras usadas pelos internautas numa das comunidades da Miss Brasil, que tem 3.280 membros. Mesmo quem entende do assunto não gostou do resultado. “Ela era a mais bonita de todas. Tem uma elegância digna de miss”, diz Marta Rocha, que assistiu ao concurso e conhece Natália pessoalmente. “Ela deveria ter levado a faixa de Miss Universo. Seria uma questão de justiça.”

Estudante de arquitetura e ex-modelo, Natália voltou nesta quinta-feira, 31, ao Brasil. Depois de passar um mês no México, participando de jantares e festas, que faziam parte da programação do concurso, ela foi recebida como personalidade no Aeroporto de Cumbica, em São Paulo. Deu entrevistas durante todo o dia. Há 35 anos, uma brasileira não conseguia o segundo lugar.

Tudo bem que ser vice não é tão ruim assim. Mas o resultado foi mesmo injusto? “Não esperava perder para a Miss Japão. Estava apreensiva por causa da Miss Venezuela, que é linda”, diz Natália. “Acho que Riyo ganhou porque tinha o melhor lobby. Não era a mais preparada.” A Miss Japão teve patrocinadores de fôlego, que garantiram um guarda-roupa deslumbrante. Enquanto Riyo usava vestido Gucci e jóias Bulgari, Natália desfilava grifes brasileiras. Do estilista mineiro Alexandre Dutra, por exemplo, conseguiu dez vestidos de gala. “Só que um deles foi usado pela Miss Brasil no ano passado. Todo mundo notou”, lamenta.

A personalidade irreverente da candidata japonesa parece ter contado positivamente no julgamento dos jurados. “Ela não seguiu as orientações dos organizadores. Na passarela fez o contrário do pedido”, reclama Natália. “Até dançou na hora de desfilar de maiô.”

O segundo lugar não foi um mau negócio para a brasileira. Ela começou a trabalhar como modelo aos 15 anos. Até o ano passado, Natália não tinha alcançado o sucesso de uma top do gabarito de Isabeli Fontana. Por sorte, foi descoberta por um caçador de miss dentro de um elevador. “Ele disse que estava precisando de uma miss. Minha mãe achou ótimo. Eu também”, diz Natália, que colhe os primeiros frutos.

Ela foi convidada para ser a capa da revista Nova e levar a bandeira do Brasil na abertura dos Jogos Pan-Americanos, no Rio. Também foi sondada para ser garota propaganda da Victoria’s Secret, uma das mais famosas grifes de lingerie americana, que já teve em seus anúncios gente com Gisele Bündchen.

“No meu tempo, ser miss era um problema, quase um escândalo”, diz Bertini Motta, de 71 anos, que foi Miss Ceará, em 1968 e hoje é uma das organizadoras do Miss Brasil. “Minha mãe me levou para o padre da comunidade indignada com a minha idéia de participar do concurso.” Na época, Bertini ganhou algo relativo a R$ 5 mil por ter levado a faixa para a casa. “Mas o concurso perdeu o glamour e passou a ser procurado apenas por garotas do interior. As da capital queriam ser modelo”, diz Betini. “O perfil começa a mudar novamente. Uma prova disso é a nossa Natália.”

http://www.estadao.com.br

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