Author: Silveira/Pel [ Edit |View ] |
Date Posted: 21:30:35 09/20/12 Thu
Quando comecei a acessar os voys brasileiros que tratam dos concursos de beleza femininos, lá pela época de Gislaine Ferreira, o que rolava muito forte neles era a idéia insistentemente trabalhada de que não vencíamos mais os grandes certames internacionais por mandarmos para eles um tipo de beleza equivocada. Que, enquanto a comunidade internacional “esperava” frustrada que enviássemos mulatas, tipo verdadeiramente representativo da mulher brasileira, nós insistíamos em enviar branquelas nada a ver. Muito eu me bati contra essa idéia criada aqui dentro, contra essa preconceito de que só afrodescendentes teriam legitimidade para representar a mulher brasileira.
Alguns outros clichês, além de legalismos cegos, continuam a freqüentar nossos voys, por vezes por mero casuísmo, na tentativa de tirar uma forte candidata da jogada e, assim, abrir caminho a favor de outra candidata preferida. Tal casuismo ficou bem caracterizado este ano ao longo do Miss SP. Com o propósito de promover determinada candidata loira, e tenho o maior respeito por ela e por quem preferia sua beleza, passou-se a bater contra a eleição da “mesmiss”, ou seja, de qualquer candidata que fosse de pele clara e cabelos escuros, justo onde se situava a maioria das candidatas e a grande favorita, que terminou sendo a vencedora. Olvidavam-se os contrários à “mesmiss”, que a Venezuela, com esse mesmo biótipo, venceu o Miss Universo duas vezes seguidas, e que vem com ele arrebatando títulos máximos em todos os outros certames internacionais, com bastante frequência. Também que não se entenda que estou a advogar a exclusividade da eleição de misses com o mesmo tipo das últimas Miss Brasil, longe de mim essa discriminação contra loiras, ruivas, nisseis, indígenas ou afrodescendentes.
Outra idéia muito controvertida tem sido a da altura que deve ter uma miss. Com relação à mesma bela loirinha do Miss SP, de pouca altura, ninguém podia fazer referência a sua baixa estatura, porque choviam os argumentos contra esse preconceito, com o que concordo plenamente, além da enxurrada de oportunos exemplos de misses vencedoras, a despeito de possuírem estatura mais baixa. Pois muitos destes que assim se posicionavam, parece-me que agora, no que eu chamo de um legalismos cego, além de oportunista, estão verdadeiramente fixados na estatura da Miss RJ, com a esperança de que ela tenha no máximo 1m69 de altura, e não 1m70, como mais um argumento para que ela não seja eleita Miss Brasil.
Outro chavão que tem sido lançado contra uma que outra forte candidata, com o propósito de desqualificá-la, é o de que esta ou aquela miss tem cara de velha. E eu fico a me perguntar o que é ter cara de velha? Para mim, cara de velha tem aquela mulher pelancuda, com a pele flácida, com o rosto enrugado, com cabelo ralo, já nem falo em grisalho, porque isto nem se vê mais, testa bem aumentada pela perda de cabelo, com a ponta do nariz que tende a arriar, com o passar das décadas, o mesmo ocorrendo com os cantos da boca. E qual dessas misses ”cara de velha”, ou de tia, possuem qualquer dessas características? Quando muito possuem alguma marca de expressão, quando sorriem, e uma maquiagem mais carregada que não tem porque ser considerada uma exclusividade da mulher de mais idade. Acho até engraçado este argumento de cara de velha, quando estas, cada vez mais cedo, estão valendo-se de recursos estéticos os mais modernos e eficientes para continuarem com cara de garotonas, isto já começando quando estão pela casa dos trinta e dos quarenta anos. É claro que não estou aqui a defender a mãe do Silvester Stallone, nem a irmã e sucessora daquele figurinista italiano assassinado em Miami, há alguns anos.
Pois outro chavão contra o qual costumo me bater é quando defendem a vitória de uma candidata por ter cara de brasileira. E Isabel Correa, cuja beleza tanto admiro, a ponto de, por esta beleza que vejo nela, ter torcido para que vencesse o Miss RJ, parece que usou desse argumento para se autopromover. Muito eu tenho afirmado que, cara de brasileira tem a negra, a mulata, a nativa natural do Xingu, a “mesmiss” de pele clara e cabelos escuros, assim como a loira, a ruiva, independente da freqüência com que são encontradas em nosso país.
Apesar desta tese não excludente que sempre defendo, confesso que, ao ver fotos da candidata de Rondônia neste Miss Brasil, da qual anseio por outras tantas, dos mais variados ângulos, para conferir se ela é tudo de bom que está me parecendo, confesso, repito, que me peguei a pensar que ela tem cara da verdadeira mulher brasileira, com sua pele morena, seus traços fortes, harmoniosos e belos, com o mais belo e escancarado sorriso deste Miss Brasil. Mas, pensando melhor, Isabel Correa também tem cara de brasileira, e Ruth Böch também. E, voltando à candidata de Rondônia, não pude deixar de supor que, com aquelas suas características, em suas veias deve também correr algum sangue aborígene, e ou o africano. E se eu estiver certo nestas minhas suposições, ela só tem do que se orgulhar de toda essa sua origem étnica. E aí fico a me lembrar do extraordinário pernambucano Gilberto Freire que fortaleceu em mim todo o meu respeito e entusiasmo pela miscigenação.
Mas, por favor, não estou querendo insinuar que a candidata de Rondônia, apenas por seu tipo de beleza, deva ser eleita a próxima Miss Brasil. Que vença tanto esta bela representante do Norte do país, como outra, independente da cor de sua pele e de seus cabelos, desde que seja a mais completa. E quem antipatiza com este “a mais completa” que aponte outro critério melhor. A respeito de quem será a vencedora, continuo achando que este ano existem cinco ou seis dentre as melhores candidatas, que estão muito niveladas em termos de credenciais para vencer. Neste momento em que parece se esboçar leve favoritismo para a candidata de meu estado, a despeito do fanático bairrismo com que alguns me rotulam, quero deixar muito claro, que vença a gaúcha exclusivamente por seus próprios méritos, se assim entender a maioria dos integrantes da comissão julgadora, jamais pelo alegado peso de faixa, ou por outro expediente qualquer, muito menos beneficiada pelas baixarias proferidas contra uma de suas principais concorrentes, nas redes sociais. Que estas não tenham qualquer peso a favor ou contra a escolha da próxima Miss Brasil Universo. E que, pela primeira vez, o certame seja marcado por sua transparência, para que não dê lugar ao surgimento de toda a sorte de suposições maldosas que, mesmo não sendo comprovadas, ficam a pairar contra a credibilidade da realização desse certame nacional.
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