14 abril 2012

Subject: Corpo feminino, beleza e diversidade na mídia



Author:
Miss NET
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Date Posted: 16:03:00 04/07/12 Sat
À medida que as mulheres passaram a obter vitórias políticas, conseguindo a igualdade jurídica, a discriminação foi deslocada para outros campos. E um tema que merece atenção é o da aparência feminina, pois envolve uma mudança no enfoque do corpo da mulher na mídia.

Por Cynthia Semíramis

Mulheres ainda são avaliadas primeiro – e principalmente – por sua aparência, e não por suas atitudes e qualidades. Resquício de uma época na qual mulher não podia estudar nem trabalhar, a aparência feminina era fundamental para enfeitar o ambiente e se destacar. Porém, os tempos mudaram e hoje não faz o menor sentido adotar a aparência física como critério principal para a avaliação da vida de uma mulher, e de sua atuação profissional.

Um homem não vai ser considerado menos profissional se for careca, idoso ou andar como um pato. Caso não use as roupas da moda, será visto como excêntrico, não como indigno de confiança profissional. Uma mulher será criticada em toda a sua aparência (peso, roupas, esmalte, batom, rímel, sombra, cor e corte de cabelo, espessura e formato da sobrancelha, sapatos, bolsa, brincos, colares e pulseiras) antes de ser avaliada pelo que tem a dizer. Seu peso e sua aparência são tratados como assuntos públicos, como se ela estivesse o tempo todo precisando primeiro ser aprovada como enfeite, e só depois, segundo o ideal de beleza vigente, pudesse ser avaliada e aprovada como profissional.

Essa desigualdade na abordagem da aparência faz com que as mulheres não tenham a mesma igualdade de oportunidades que os homens. A avaliação é feita por critérios desiguais em razão de gênero, e a necessidade de atender a essa pressão faz com que mulheres sejam fortemente prejudicadas em sua vida social e profissional.

Ideal de beleza ignora a diversidade de corpos 

Ao longo do século XX, o padrão de beleza criado a partir das medidas da média das mulheres deu lugar ao ideal de beleza, que valoriza um tipo de corpo bem distante da média da sociedade. Em 1950, uma mulher de 1,60m e 63kg era modelo de beleza; atualmente a modelo tem de ter mais de 1,75m e pesar 50kg ou menos. A modelo de 1950 tinha o corpo parecido com o das mulheres de sua época; a de hoje tem o corpo bem distante da realidade da maioria das mulheres.

O modelo ideal de beleza atual, incentivado pelos meios de comunicação de massa, é extremamente limitador: para ser bonita é necessário ser jovem, extremamente magra, alta e com traços europeizados (pele, cabelos e olhos claros, cabelos lisos). 
Basta andar na rua para perceber que é raríssimo alguém ter todas essas características – e praticamente impossível tê-las ao mesmo tempo.

Trata-se de um modelo que ignora a diversidade racial e cultural brasileira. É absurdo que, para ficar em um exemplo, cabelos escuros e crespos sejam vistos como inadequados e necessitem ser clareados e alisados para se enquadrar em um ideal de beleza que nega a história das brasileiras. Porém, é esse ideal de beleza altamente excludente e alienante que é tratado como único modelo a ser seguido se as mulheres quiserem obter respeito social e profissional.

Infância direcionada para os cuidados com a aparência 

Um dos efeitos da obsessão em obrigar mulheres a ter o corpo perfeito está na pressão exercida durante a infância. Ao invés de brincar ou estudar, as meninas são incentivadas a perseguir um corpo ideal desde tenra idade.

Antes de aprender a ler, meninas já aprenderam a usar batom e a ter medo de engordar. É cada vez mais comum encontrar maquiagem e tintura para cabelos específicos para crianças. Saltos altos, tratamentos estéticos e gestos limitados para não sujar roupas ou borrar a maquiagem já são rotina para muitas meninas. Estudar, ter vida social e tentar ser feliz são valores secundários: o que importa é aprenderem a controlar e alterar o próprio corpo para obter a aparência perfeita.

Durante a puberdade, incapazes de aceitar as mudanças em suas formas e o aumento do grau de gordura corporal, muitas meninas se entregam a dietas de emagrecimento, às vezes até dificultando ou impedindo o processo metabólico natural que levará à menarca. O impacto em suas vidas varia de problemas com autoestima e insatisfação duradoura com seu corpo, passando pelo desenvolvimento de distúrbios alimentares e anorexia, podendo chegar à morte. ...

Mulheres são muito mais do que corpos, e corpos são muito mais do que aparência estética. É importante lembrar disso para combater o controle do corpo feminino através da imposição midiática de um modelo estético opressor, que ignora a diversidade e que não contribui para uma vida com mais liberdade para as meninas e mulheres. 

Ler mais em:

http://revistaforum.com.br/conteudo/detalhe_materia.php?codMateria=9424%2FCorpo+feminino%2C+beleza+e+diversidade+na+m%C3%ADdia#.T4CJXuK2biA.facebook

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