14 abril 2011

Após superar câncer, miss trava batalha contra cultura da beleza


 MARÍA JOSÉ BENAVENTE
DA EFE, EM CARACAS

Eva Ekvall foi Miss Venezuela em 2000, mas um câncer mudou sua vida e sua percepção de mundo, e agora ela questiona o uso da medicina como investimento em beleza, e não para prevenir e curar doenças, em um país com tradição nos desfiles de passarelas.
Com o cabelo ainda curto, resultado do câncer de mama que acaba de superar, Eva, hoje com 28 anos e apresentadora de televisão, trava uma cruzada particular para sensibilizar o público sobre um drama que abordou em um livro que compila e-mails e mensagens que publicou durante o tratamento.
"Já sei como é se sentir não tendo um fio de estupidez", publicou Eva no dia 10 de março em sua conta no microblog Twitter, após raspar o cabelo, tal como ela conta em seu livro.
Na Venezuela, "se investe muito dinheiro em beleza, e não em saúde", afirma a modelo, que promove a prevenção em saúde como outra forma "de se cuidar fisicamente", isto é, de investir na beleza. "Se você está doente, não se verá bonita."


Organização do Miss Universo/Reuters
Eva Ekvall, Miss Venezuela 2000, que trava batalha contra cultura da beleza após superar câncer
Eva Ekvall, Miss Venezuela 2000, que trava batalha contra cultura da beleza após superar câncer
Com apenas 27 anos, Eva recebeu a notícia de que tinha câncer de mama e, durante oito meses, enfrentou o penoso tratamento da doença acompanhada de familiares e amigos, e sem deixar o trabalho de apresentadora de uma das principais emissoras de televisão do país.
A ex-miss lembra que, quando soube que tinha câncer, se incomodou com si própria por não ter ido antes a um médico, sabendo que sua avó havia morrido da mesma doença e que sua tia também tinha sofrido o tumor em outras duas ocasiões.
"Quando soube que estava doente, deixei de gostar de meus seios, pois eles tinham esta doença", ressaltou Eva, que até então achava os seios uma das partes mais agradáveis de seu corpo.
Eva, uma ex-miss pouco tradicional, viu sua vida mudar desde a época em que foi declarada mulher mais bela da Venezuela e uma das mais belas do Universo. E, desde o começo da carreira, demonstrou interesse em se dedicar ao jornalismo.
"Eu fui miss há 11 anos, portanto nem sequer se pode dizer que sou uma miss, tinha 17 anos. Agora tenho 28 e não tenho nada a ver com essa menina que fui", assinala.
Sem deixar de reconhecer a importância do cuidado com a aparência, a ex-miss passou a se dedicar à tarefa de divulgar as precauções que é preciso ter com doenças como o câncer de mama e a importância de diagnosticá-las a tempo.
"Todas as mulheres, de certo modo, damos importância ao físico, mas para mim era uma questão de sobreviver, e isso já não era mais importante", diz Eva.
A antiga protagonista das passarelas hoje colabora como porta-voz da ONG Seios Ajuda, uma entidade venezuelana destinada a prestar apoio a vítimas do câncer de mama e informações para preveni-lo nas mulheres venezuelanas.
Foi justamente a organização que propôs a Eva publicar em livro como foram as etapas do processo que teve de enfrentar, com fotos do conhecido fotógrafo venezuelano Roberto Mata, imagens essas que depois se transformariam, junto aos e-mails que a modelo trocou com a família, no livro "Fuera de Foco" (fora de foco).
Na maioria dos textos que aparecem no livro, Eva demonstra a força que teve ao enfrentar a doença, porque não quis "dramas de nenhum tipo", e considerou que os que mais sofrem nesses casos são os familiares.
No entanto, a modelo afirma que também houve momentos em que ela teve recaídas, porque, ao contrário do que se vê, as misses também choram. Ela indica que "o pior" da experiência foi não poder abraçar sua filha no primeiro aniversário dela, pouco tempo depois de se submeter à mastectomia.
Eva também aproveita para agradecer os gestos de carinho de anônimos que chegaram a cortar o cabelo para doá-lo, em solidariedade a Eva e a todas as vítimas do câncer de mama.
Ela espera que seu livro ajude a sensibilizar mulheres que pensam em fazer implante de silicone na Venezuela, um país onde este tipo de cirurgia é corrente. "O bom é que o médico, se for profissional, terá antes de fazer uma mamografia", comenta Eva.

.folha.uol.com.br

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