08 setembro 2010

Especialistas analisam o sucesso e a importância dos concursos de beleza

O belo continua sendo um forte valor da cultura ocidental

Rainha da October, Kátia Maes, diz que concurso a ajudou a aperfeiçoar a oratória e a postura - Jandyr Nascimento /

Wania Bittencourt  |  wania@santa.com.br Qual a verdadeira importância dos concursos de beleza? Para especialistas no assunto, o principal motivo que leva à perpetuação dos concursos e ao número significativo de inscrições é o fato de a beleza continuar sendo um forte valor da cultura ocidental, potencializado através dos veículos de comunicação, como a televisão e a internet.

De acordo com a mestre em Antropologia Social Ana Maria Fonseca de Oliveira Batista, que em 1997 desenvolveu uma pesquisa pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) sobre as Concepções de Beleza no Concurso de Miss Universo, o culto aos concursos permanece porque a beleza é vista como uma via mais rápida para atingir um objetivo de sucesso:

— Quando alguém menciona que conhece fulana que é bonita, todos dizem que isto é bom porque vai abrir um leque enorme de possibilidades para ela. Quando alguém menciona que conhece uma mulher que é feia, começam a contar histórias de superação, no estilo "com estudo, preparação e educação esmerada, ela conseguiu um lugar ao sol".

Além da promessa de benefícios, como bolsas de estudos e contratos de trabalho, os concursos também são envolvidos por uma aura de glamour, onde a imagem é valorizada.

Ditadura da imagem

Para a mestre em Educação Valquíria Michela John, docente da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) e que estuda a representação da identidade feminina nos meios de comunicação, a sociedade está inserida em uma ditadura da imagem, gerida pela indústria cultural e de moda, que criou um padrão midiático de beleza, muitas vezes inalcançável, no qual o reconhecimento é parte do processo.

— Ser conhecido, admirado e popular parece mesmo uma grande obsessão de nosso tempo e, naturalmente, esse processo tem muita relação com a sociedade midiática em que vivemos — comenta Valquíria, citando como exemplo a carreira de modelo, os reality shows, além de fenômenos como Twitter e Orkut, nos quais as pessoas buscam se evidenciar.

Faixa é ferramenta de trabalho

A partir deste ano, a Miss Blumenau, assim como a Rainha da Oktoberfest, passa a receber um valor mensal por representar a cidade. A miss receberá R$ 1 mil, enquanto o trio da festa do chope reparte R$ 2,4 mil. A quantia é um auxílio para custear tratamentos para manutenção da imagem, necessária durante o reinado.

Para a atual rainha da Oktober, Kátia Maes, a experiência do concurso ajudou a aperfeiçoar a oratória, postura e confiança. Recursos que trazem benefícios profissionais, inclusive para quem não tem a intenção de seguir carreira de modelo. Aliás, nos novos concursos existe essa preocupação profissional.

— Já se vê o fato de ser miss como um trabalho. Sabe-se que as misses são inteligentes e têm que trabalhar muito para obter uma posição de destaque. No fundo, ser miss é um trabalho como outro qualquer, aperfeiçoar e manter a beleza dá tanto trabalho quanto cultivar o intelecto — afirma a pesquisadora Ana Maria Fonseca de Oliveira Batista, lembrando que nem toda ex-miss se torna modelo ou dona de casa.

http://www.clicrbs.com.br

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