Miss, agora, vem com certificado de beleza interior. Ou "Beleza com Propósito", como foi batizada uma das etapas mais importantes do concurso Miss Mundo. A concorrente tem de colaborar com alguma causa ambientalista, ou de caridade, e comprovar engajamento.
Kamilla. Vencedora paraense ganhou etapa física do concurso
A vencedora brasileira da prova, disputada ontem em Angra dos Reis, foi a concorrente do Pará, Kamilla Salgado, de 23 anos, que conseguiu angariar R$ 20 mil com políticos do Estado para uma instituição que cuida de crianças que sofrem de câncer e de doenças cardíacas. Automaticamente, passou a ser uma das 15 finalistas (entre 38) do concurso nacional.
Kamilla atende o telefone, para dar a entrevista, agradecendo aos pais, a Deus e ao secretário de Finanças do Pará. "A gente vive em um planeta com tantos problemas ambientais, de saúde, de carência de recursos, eu quero ajudar de alguma maneira", diz a miss, que tem 1,72 metro, 58 quilos e 93 centímetros de quadril. Por enquanto, o corpão e a beleza exterior não a deixaram exercer o que aprendeu na faculdade de Administração de Empresas.
Depois de vencer o concurso "Rainha das Rainhas", em Belém, "as coisas foram acontecendo". Além de miss, Kamilla é modelo consagrada no Amazônia Fashion Week.
O diretor do Miss Mundo no Brasil, Henrique Fontes, explica que as candidatas tiveram liberdade para abraçar a causa que quisessem no "Beleza com Propósito". "Elas foram além do clichê, passaram uma mensagem eficaz", acha. A vencedora nacional vai ganhar R$ 20 mil, uma bolsa (de estudos) no valor de R$ 100 mil, guarda-roupa completo e treinamento com o venezuelano Alexander Gonzalez, de 42 anos, há 25 atuando como preparador de misses.
Gonzalez é apresentado como o milagreiro que conseguiu fazer a desmilinguida japonesa Ryio Mori ganhar da brasileira Natália Guimarães na disputa pelo Miss Universo em 2007. O segredo? "A maneira de caminhar de Ryio. Passei quatro dias ensinando-a a andar. Ela tinha "ganas" de vencer", diz o venezuelano.
Reviravolta. O "Beleza com Propósito" é uma verdadeira reviravolta no conceito de concursos de miss. Até então, as candidatas costumavam ter o propósito de ler O Pequeno Príncipe, virar apresentadora de TV, casar com alguém rico e ser bonita para sempre. "Além de mexer com a beleza física da mulher, o Miss Mundo mexe com a intelectual", acredita Kamilla. "A candidata tem de dar entrevista, falar inglês, ter uma postura social."
Para ela, a mulher bonita não está mais focada apenas na aparência. Kamilla dá o exemplo de Angelina Jolie. "Ela é boa atriz, embaixadora da ONU e se engajou na luta pelas populações menos favorecidas da África." Em seu filme mais recente, Salt, Angelina também dá saltos e atira pra todos os lados.
O Miss Mundo nacional foi criado em 2006, como uma dissidência do Miss Brasil. Até então, o Miss Brasil elegia a candidata ao Universo e também (o segundo lugar) ao Miss Mundo internacional. Agora, cada concurso elege a respectiva candidata.
As 38 concorrentes de Angra disputam no momento as etapas "esporte", "popularidade" (via internet) e "best model" . Kamilla dançou salsa, mas não conseguiu emplacar no quesito "talento". A finalíssima do Miss Mundo está marcada para o dia 30 de outubro na ilha de Sanya, que, segundo os organizadores, é "o Havaí da China".
No fim da noite de ontem, a organização informou que Kamilla venceu também na categoria "biquíni". Ninguém pode dizer, pela foto, que seja uma prova sem propósito.
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