23 abril 2010

Criança ou 'boneca de porcelana'?

'Minimisses' (GALERIA)

por PEDRO SOUSA TAVARES12 Abril 2010
Criança ou 'boneca de porcelana'?
Rainhas de beleza em miniatura ou crianças sujeitas a concursos aberrantes, para satisfazer as ambições de fama dos pais? Polémicos ou não, os concursos de beleza para crianças estão a prosperar. E já há quem veja como inevitável a chegada a Portugal.
"Eu só queria ganhar a todas as outras raparigas, sem ligar ao que isso me retirava a mim." O desabafo, feito à ABC, é de Brooke Breedwell, uma estudante universitária que, em 1995, então com cinco anos, foi uma das estrelas do documentário Painted Barbies, que revelou ao mundo o estranho universo dos concursos de beleza infantis nos Estados Unidos, feito de meninas com bronzeados artificiais e toneladas de maquilhagem, vestidos "reveladores" e poses adultas.
A verdade é que, 15 anos depois, o negócio multimilionário das minimisses prosperou, expandiu-se à América Latina e à Europa. E há quem assuma como inevitável o seu aparecimento em Portugal.
"Acho que, infelizmente, é uma questão de tempo até isso acontecer", diz ao DN Patrícia Vasconcelos, directora e formadora na área dos castings de actores. "Provavelmente vai começar de forma discreta, em eventos locais e evoluir a partir daí."
Habituada a lidar com crianças e com as suas famílias, a produtora não tem dúvidas de que são sobretudo "fantasias dos pais, que passaram ao lado da carreira com que sonhavam", a alimentar estes eventos, em que muitas vezes se chegam a extremos - como a sujeição de crianças a cirurgias plásticas - que só consegue classificar como "um lado de loucura total".
O aparato de maquilhagem, penteados elaborados e vestidos inadequados em crianças cujas idades rondam os cinco anos também não é fácil de entender para quem, como Olga Duarte, está habituado a procurar entre os mais novos os futuros talentos da moda, cinema ou televisão.
"Dificilmente escolheria uma destas raparigas num casting", admite a booker da L'Agence. "A principal característica que procuramos nas crianças é a espontaneidade, e estas não a têm. Às vezes, pais enviam-nos fotografias das filhas muito maquilhadas, muito elaboradas, e nós avisamo-los para não o voltarem a fazer."
Para Eduardo Sá, pedopsiquiatra, só há dois desenlaces possíveis para estes concursos: "Ou fazem princesas ou bruxas", diz, avisando que é muito mais provável" que seja o último a concretizar- -se: "As crianças gostam de se sentir atraentes, como toda a gente. Mas transpor a vida delas para a passerelle é colocá-las num dilema: São princesas por dois dias, mas todo o suposto glamour acaba a infernizá-las."
Porém, o especialista também admite "não ter dúvidas" de que estes concursos acabarão por chegar a Portugal, tendo em conta "algumas produções televisivas actuais" que já fazem das crianças as principais protagonistas.
http://dn.sapo.pt/

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