24 outubro 2009

Ex-miss abre os olhos das mulheres sobre violência doméstica

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ALLSTOS - "A violência doméstica mata e não acontece só na comunidade brasileira ou na comunidade imigrante. Ligar mais de 20 vezes para você durante o dia não é amor, é controle. A insistência não é ciúme, é assédio e é perigoso. O crime começa com o stalking (insistência)." A declaração é da supervisora do programa de Violência Doméstica da MAPS, a ex-miss Brasil Martha Vasconcellos, durante palestra no Grupo Mulher Brasileira na quarta-feira, 21.
A palestra marca o mês da conscientização da violência doméstica e faz parte do Série Saúde da Mulher que o Grupo promove anualmente.
"Eu não sou paga para julgar, quem julga é o juiz. Eu ouço e ajudo porque a pessoa que chega ao meu escritório está devastada", disse Martha, explicando que a confidencialidade é indispensável. Em 90 por cento dos casos que ela atende a vítima é mulher, mas os homens também são vítimas de violência e abuso. A ameaça, a intimidação, o abuso emocional, o isolamento e os abusos econômico e sexual são algumas das formas pelas quais a violência doméstica se manifesta. Há outras, diz Martha, "usam a criança, ameaçam tirar os filhos se a mulher sair de casa ou denunciar o abuso. Ameaçam animais de estimação. Ameaçam com deportação".


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A ex-miss falou também que "o ciclo da violência começa com o grito e não é só com a violência física que a gente se preocupa, mas com o emocional. A violência destroi todas as forças da vítima, a auto-estima, a vontade, a coragem e atinge a todos. Pode ocorrer entre pais e filhos, primos e até entre amigos que dividem uma casa. Sair de casa é um passo enorme e difícil. As pesquisas mostram que a mulher volta para casa oito vezes antes de sair definitivamente. Pode levar até 35 anos para uma mulher decidir sair do ciclo de violência ou até 10 minutos porque a pessoa percebe que 'isso não é o que eu quero para mim".
Uma coisa que todo mundo precisa saber, alerta Martha, é que quando a polícia é chamada, ninguém pergunta por documento. Ao contrário, se a mulher é casada com cidadão americano ou com uma pessoa naturalizada, pode ser legalizada por um tipo de visto especial: o VAWA - Violence Against Woman Act. Tem também o U-Visa que beneficia vítimas de violência que testemunhem contra o abusador.
"O casamento é um investimento', opina Martha. "A mulher não casa só com o homem, casa com a família, os amigos. Quando pensa em sair de casa, pensa nas perdas (e muitas vezes desiste). Precisa ir para um shelter (abrigo), perde a casa. Brasileira não gosta de shelter, prefere ficar com amigas, mas a casa das amigas não é uma boa, porque ele sabe onde é a casa das amigas. No shelter (a mulher) está segura. "A violência doméstica é uma perda tão grande que até o emprego se perde. A mulher pensa nas perdas e resolve ficar ou voltar para a relação de abuso. Esta situação só melhora com terapia".
Martha está disponível para ouvir quem quiser procurá-la no escritório da MAPS, em Cambridge (617-864-7600), "mas não adianta pedir a uma amiga para me ligar. Não posso fazer nada. Você é quem tem de telefonar para a MAPS", finalizou.

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