Xexéo escreve, no jornal "O Globo", de 31 de agosto, sobre os preços das franquias do Miss Brasil

"Eu sei que há crises mais importantes por aí. Mesmo assim, é meu dever denunciar o bafafá que cerca atualmente o concurso de Miss Brasil. Muitos dos promotores dos desfiles que elegem as candidatas de cada estado estão desistindo da missão inconformados com os altos preços cobrados pela organização do concurso para que suas misses participem da eleição. O contrato entre o Miss Brasil e os concursos estaduais é cheio de exigências. Uma das cláusulas, por exemplo, pede que cada organizador oriente a sua candidata a levar para o concurso “todos os produtos de higiene pessoal, cosméticos, remédios e kit básico de costura“”. E, para que não haja dúvidas do que seja higiene pessoal, o contrato lista o que é necessário estar na bagagem da miss: “sabonete, creme dental, fio dental, escova de dente, absorvente de uso externo ou interno (O.B.), protetores íntimos, desodorantes, shampoo e condicionador, secador de cabelo, escova para cabelo, pinça, alicate, lixa, cortador de unha, descolorante para pêlos, cotonete e band-aid”. Em outras palavras, se a bagagem da miss não tiver cortador de unha, ela pode ser eliminada do concurso.

Mas o que vem revoltando os promotores dos desfiles estaduais é o preço que a organização do concurso cobra a título de “franquia”. Para o concurso de 2006, por exemplo, estão sendo cobrados R$ 30 mil de franquia da Miss Bahia. Para Miss Pernambuco, a cobrança é de R$ 36 mil; Miss Paraná e Miss Santa Catarina, R$ 60 mil; Miss Minas Gerais, R$ 70 mil; Miss São Paulo, R$ 80 mil... Não me pergunte por que uma Miss Paraná vale o dobro de uma Miss Bahia.

Ok, não é o caso de se abrir uma CPI. Mas a inflação que move estes números é mesmo assustadora. Há quatro anos, por exemplo, a tal “franquia” do Miss Bahia custava R$ 3 mil. Neguinho tá metendo a mão."

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